Vaidoso Demais: Rafael Castro lança álbum inédito nessa sexta-feira

O algoritmo te escolheu: Rafael Castro lança álbum Vaidosos Demais, cutucada certeira em estereótipo “meio intelectual, meio de esquerda”

Duas décadas de carreira e vinte discos. Um dos artistas mais hiperativos da música contemporânea brasileira, Rafael Castro ficou conhecido por produzir seus álbuns completamente sozinho, lá nos anos 2000, e pelo cinismo criativo que o cunhou como um novo “marginal”. No próximo dia 22, sexta-feira, ele quebra o silêncio de oito anos revelando Vaidosos Demais, seu novo trabalho solo, atualíssimo.

Bar e Lanches, faixa de abertura, aponta a que veio o (aguardado) disco: dar aquela cutucada, com lugar de fala, na classe média-baixa da Zona Oeste da cidade de São Paulo, região que é reduto artístico e, vejam só, abriga bar, estúdio e casa de shows do próprio Rafael. A decadência da simbologia hipster, passando pela objetificação dos artistas nas redes sociais – via promessa empreendedora, evidenciada na faixa O Algoritmo te Escolheu, com participação da cantora e compositora Vanessa Bumagny – e os exageros retóricos de uma esquerda falha em suas práticas, o conservadorismo mascarado de liberalismo e a hipocrisia das fofocas novelísticas compõem o curioso mosaico temático de Vaidosos Demais.

Capa por Juka Tavares e Rafael Castro

O disco também contempla canções que exaltam a entropia do universo, encerrando debochada e liricamente com a faixa Quando Essas Canções Não Existirem Mais, parceria com o músico e compositor André Mourão e a beleza da iconoclastia ao cristianismo. Em sua reta final, o (cantor e compositor) Tim Bernardes achou o nome do disco com uma ideia genial: “Qual é o último verso da última música?”, “Vaidosos Demais”, “Pronto!”, “Curti, pô!”. Vaidosos Demais deixa claro o amadurecimento de Rafael Castro, e sua conexão com o presente e suas questões. As questões cotidianas, registro temático do artista, aqui se apresentam aprofundadas e marcadas pela contemporaneidade, com a presença das redes sociais, a polarização política e os impactos da vida pós-pandêmica.

Gravado e finalizado em 15 dias entre sua casa e diferentes estúdios, o álbum mistura canções que estavam guardadas e produções novas, realizadas “na velocidade da luz”. Aproveitando as noites em que chegou em casa acelerado pela agitada vida noturna da capital paulista, as composições inéditas foram feitas, em sua maioria, nas madrugadas. “A correria foi uma delícia e com uma grande ajuda dos amigos, botei geral pra tocar e cantar, e até um maestro pra fazer arranjo de cordas, o que trouxe pra esse trabalho um astral completamente novo, diferente do que fazia na solidão e na derrota”, conta. A sonoridade, dessa vez, é bastante polida e profissional, porque, afinal, as coisas se complexificam ao longo da vida.

Share this article
Shareable URL
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *